Ementas de Oficinas
Ementa: Rapsódia documental: Linguagens [s]em ruas ruas [s]em linguagens - Adriana Alves Silva, Ana Lúcia Goulart de Faria, Magda Pucci, Antonio Miguel, Marcelo Vicentim e Silvio Gallo
O propósito desta oficina não é explicar as ruas através de nossas linguagens e nem explicar as nossas linguagens através do que se passa nas ruas. Nosso propósito não é tematizar a rua como um espaço público que se oporia a um espaço privado, pois do mesmo modo como não pode haver uma linguagem privada – isto é, um eu que pudesse significar-se a si mesmo em sua vida supostamente privada para, só depois, significar os outros em suas diferentes formas de vida –, não pode haver também vida privada que se constitua independentemente dos diversos modos coletivos como humanos e não humanos constituem e se constituem, solidária e interativamente, em diferentes formas de vida. O que há, portanto, são apenas ruas e formas coletivas diversas de vivermos e de significarmos nossas vidas nas ruas. Somos a soma complexa, mutante e imprevisível de modos diversos como caminhamos por diferentes ruas: ruas compulsórias de mãos únicas ou duplas, pelas quais nos obrigam ou nos obrigamos a caminhar; ruas iluminadas e seguras pelas quais decidimos caminhar; ruas escuras e perigosas pelas quais decidimos evitar caminhar; ruas-rotas-de-fuga pelas quais decidimos caminhar na contra-mão; ruas casuais que se abrem imprevisivelmente e pelas quais caminhamos sem rumo; ruas-ficções pelas quais sonhamos ter caminhado ou um dia caminhar; ruas que supomos e que nos supõem caminhar. Portanto, somos sempre – e desde sempre – ruas em linguagens e linguagens em ruas; ruas sem linguagens e linguagens sem ruas. Estivemos e estamos sempre aí, perambulando pelas ruas, feito nômades.