Ementas de Minicursos

Dia 10 de fevereiro – das 14h às 17h

Cinema, afeto e fluxo de refugiados – ED01 – Prédio Anexo 1 - Faculdade de Educação/Unicamp

Armando Martinelli Neto

amartineto@hotmail.com

Unicamp: Faculdade de Educação

Grupo de pesquisa: Laboratório de Estudos Audiovisuais/OLHO

Apoio Financeiro: Ministério Público do Trabalho (MPT/SP) e Núcleo de Estudos Populacionais (NEPO/Unicamp).

 

Na busca por lançar reflexões quanto a abordagem audiovisual sobre os fluxos de refugiados, tomando como objeto central de estudo, o documentário Fogo no Mar (Fuocoammare, Gianfranco Rosi, 2016), e sua representação das interações entre os moradores da ilha italiana de Lampedusa e os refugiados do Norte da África e do Oriente Médio, esta proposta de mini curso tem por objetivo apresentar possibilidades de compreensão quanto a mediação do outro a partir da construção de cenários opositivos, do uso de imagens complexas e reais, na geração de alteridade e afeto.

Em pauta geral, as narrativas sobre os fluxos de refugiados, na chamada mídia jornalística de massa, tratam dos desastres, das vidas perdidas, dos efeitos políticos/econômicos nos países em que eles aportam. Com influência relevante do Positivismo de Auguste Comte, a mídia jornalística, basicamente, procura eliminar a subjetividade dos raciocínios, e assim valorizar a razão como proeminente direta de uma “verdade”, deixando de lado o quimérico, o fantasioso, o lúdico (MEDINA, CREMILDA. 2008). Os refugiados, normalmente, fogem da violência física das terras natais para aportarem em territórios marcados pela violência moral.

Na contramão dessa retórica, a arte, no caso o Cinema, surge como antídoto, ao nos aproximar dos flagelos, em dimensões temporais que atravessam novos olhares. O cinema não apresenta apenas imagens, ele as cerca com um mundo. Não há verdade que antes de ser uma verdade, não seja a efetuação de um sentido ou a realização de um valor. Tudo depende do valor e do sentido do que pensamos. (DELEUZE, Gilles. Cinema 2 - Imagem-Tempo, 2007).

Edgard Morin ressalta a importância do pensamento complexo como forma a combater o que chama de império de disjunção, redução e abstração, cujo conjunto constitui o chamado “paradigma de simplificação” ou “hiperprosa” (MORIN, EDGARD. 2012, p. 40). Nesse sentido, o pensador salienta a necessidade de uma “hiperpoesia”, caminho traçado em profundas reflexões, como contraponto e escudo da superficialidade das narrativas padronizadas.

Em síntese, o minicurso tem por proposta discutir a importância do Cinema como caminho gerador de afeto, especialmente na temática dos fluxos de refugiados, tecendo análises sobre a obra Fogo no Mar, com reflexões baseadas em autores dos estudos sobre imagem, cinema, mídia e cultura.

 

Referências Bibliográficas

BAUMAN, Zygmunt. Estranhos entre nós. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.

DELEUZE, Gilles. Cinema II: A Imagem-tempo. São Paulo: Brasiliense, 2007.

ECO, Umberto. Migração e intolerância. Rio de Janeiro. Record, 2020.

MACÉ, Marielle. Siderar, considerar: migrantes, formas de vida. Rio de Janeiro. Bazar do tempo, 2018.

MEDINA, Cremilda. Ciência e jornalismo: da herança positivista ao diálogo dos afetos. São Paulo: Summus Editorial, 2008.

MORIN, Edgar: Amor, poesia, sabedoria. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.

FILMOGRAFIA

FOGO NO MAR. Itália/França. Direção: Gianfranco Rosi. 2016. (108 min), Título original: Fuocoammare.

 

 

Currículo de Leitura na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental – ED02 - Prédio Anexo 1 - Faculdade de Educação/Unicamp

 

 

Andrea Rodrigues Dalcin

deiadalcin@uol.com.br

 

Os dados gerados pelo Relatório de Pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil” (2021), mostrou que apenas 52% dos brasileiros tem hábitos de leitura, sendo esse resultado 4% menor do que o registrado em 2015. Nesse período (2015 a 2019), o Brasil perdeu 4,6 milhões de leitores e, ainda assim, a instituição escola e seus professores são os responsáveis por indicar diversas leituras para mais da metade das pessoas que se intitulam como leitoras. No entanto, quando se trata de leitura e livros, os adultos têm seus direitos garantidos já que fazem escolhas de diferentes naturezas: desde o suporte de leitura, aos modos, tempos e horários para se ler. Mas, e os pequenos leitores? A que eles têm direito? Entre o suporte de leitura e o pequeno leitor há um adulto! Quais leituras ele oferece? De que forma? Quais são os critérios para escolha de obras a serem lidas aos pequenos por seus professores? E se a leitura, em especial a literária, ocupasse um lugar central na escola e no currículo? Quais são as condições essenciais para que um currículo de leitura se efetive na prática? Essas e outras questões serão abordadas por meio de diálogos com concepções e perspectivas de autores e pesquisadores da área, discussões sobre práticas de leitura e análise de livros literários, considerando que não há neutralidade ao decidir o que ensinar e como atuar em sala de aula, pois a partir dessas ações podemos legitimar, potencializar ou transformar o currículo com outras formas de olhar, compreender e significar a preponderância da leitura na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. Como principais referenciais teóricos teremos Chartier (2001), Goulemot (2001), Bajour (2012), Colomer (2003 e 2007), Petit (2009 e 2013), Oliveira (2008), Nikolajeva e Scott (2011), Linden (2011), Salisbury e Styles (2013).

 

Referências

BAJOUR, Cecilia. Ouvir nas entrelinhas: o valor da escuta nas práticas de leitura. Trad. Alexandre Morales. São Paulo: Editora Pulo do Gato, 2012.

CHARTIER, Roger. Do livro à leitura. In: Práticas da Leitura (Org.). Tradução: Cristiane Nascimento. São Paulo: Estação Liberdade, 2001.

COLOMER, Teresa. A formação do leitor literário: narrativa infantil e juvenil atual. Trad. Laura Sandroni. São Paulo: Global, 2003.

_____. Andar entre livros: a leitura literária na escola. Trad. Laura Sandroni. São Paulo: Global, 2007.

GOULEMOT, Jean Marie. Da leitura como produção de sentidos. In: Práticas da Leitura (Org.). Tradução: Cristiane Nascimento. São Paulo: Estação Liberdade, 2001.

LINDEN, Sophie Van der. Para ler o livro ilustrado. Trad. D. Bruchard. São Paulo: Cosac Naify, 2011.

NIKOLAJEVA, Maria; SCOTT, Carole. Livro ilustrado: palavras e imagens. Tradução Cid Knipel. São Paulo: Cosac Naify, 2011.

OLIVEIRA, Rui de. Pelos jardins Boboli: reflexões sobre a arte de ilustrar livros para crianças e jovens. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

PETIT, Michèle. A arte de ler ou como resistir à adversidade. Tradução: Arthur Bueno e Camila Boldrini. São Paulo: Ed. 34, 2009.

_____. Leituras: do espaço íntimo ao espaço púbico. Tradução: Celina Olga de Souza. São Paulo: Ed. 34, 2013.

SALISBURY, Martin; STYLES, Morag. Livro infantil ilustrado: a arte da narrativa visual. São Paulo: Rosari, 2013.

 

Ementa: Histórias Cantadas para o desenvolvimento da linguagem oral na Educação Infantil – ED 11 - Prédio Anexo 1 - Faculdade de Educação/Unicamp

Janaína De Souza Silva

jana_naina04@yahoo.com.br

 

Considerando a Educação Infantil como primeira etapa da modalidade de ensino da Educação Básica, bem como momento decisivo para o desenvolvimento das funções psíquicas superiores da criança (PASQUALINE, 2010), esta proposta de minicurso tem por finalidade apresentar possibilidades de ações pedagógicas capazes de potencializar o desenvolvimento infantil. Vale dizer que esta proposta concebe a linguagem como propulsora do pensamento e do desenvolvimento humano (VIGOTSKI, 2002);  reconhece a pertinência de se ter a compreensão da essência e da natureza da língua e da linguagem, bem como, ter clareza do lugar e do papel que estas ocupam na vida em sociedade (VOLÓCHINOV, 2019); E faz a defesa de que os modos de mediação são constitutivos do processo de aprendizagem do estudante que não simplesmente “age sobre a linguagem, mas nela e por ela se constitui (re) significando seu modo de ser e estar no mundo” (SAVIAN; OMETTO, 2016, p. 20).  Em síntese, este mini curso tem por proposta desenvolver com os cursistas práticas educativas intencionais, orientadas para o público infantil considerando a articulação entre a teoria e a prática pedagógica utilizando as histórias cantadas como recurso para a potencialização do desenvolvimento da oralidade dos estudantes infantis.

 

Referências Bibliográficas

PASQUALINI, J. C. Contribuições da psicologia histórico-cultural para a educação escolar de crianças de 0 a 6 anos: desenvolvimento infantil e ensino em Vigotski, Leontiev e Elkonin. 2006. Dissertação (Mestrado em Educação Escolar) – Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Araraquara.

SAVIAN, M. R. O; OMETTO, C. B. C. N. A alfabetização como prática dialógica de leitura e escrita. Revista Brasileira de Alfabetização, Vitória, v. 1, p. 159-180, 2016.

VIGOTSKI, L.S.  Psicologia, Educação e Desenvolvimento: escritos de L. S. Vigotski. Organização e tradução: Zoia Prestes e Elizabeth Tunes. 1ª Edição Expressão Popular. São Paulo, 2021.

VOLÓCHINOV, V. A palavra na vida e a palavra na poesia: ensaios, artigos, resenhas e poemas. Organização, tradução, ensaio introdutório e notas: Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. São Paulo: Editora 34, 2019.

 

JOGOS PARA APRENDER MATEMÁTICA – ED 05 - Prédio Anexo 1 - Faculdade de Educação/Unicamp

 

Gisela Savassa Gonçalves Sanches

gisavassa@hotmail.com

Leda Maria Torres Haddad Bittencourt

ledamth@gmail.com

 

Este minicurso pretende proporcionar reflexões sobre a importância dos jogos como um recurso potente para o ensino da matemática. No âmbito escolar, eles podem ser considerados um recurso didático que contribui para a construção do conhecimento matemático através das interações e reflexões que proporcionam, privilegiando um espaço de diálogo e de valorização dos diferentes conhecimentos em sala de aula.

As situações de jogos são significativas para os alunos porque proporcionam vivenciarem situações desafiadoras, utilizando os próprios conhecimentos como ponto de partida, para colocá-los à prova, modificá-los e ampliá-los.

Sendo assim, esse minicurso visa promover a vivência e análise de alguns jogos em que as crianças sejam instigadas, promovendo a observação das ações executadas e análise de suas consequências para que sejam capazes de compreender melhor o jogo, fazerem melhores antecipações, cometer menos erros, terem condutas estratégicas, ou seja, refletir sobre situações em que realizem atividades puramente matemáticas.

Referências Bibliográficas:

PANIZZA, Mabel (org). Ensinar matemática na educação infantil e séries iniciais: análise e propostas. Porto Alegre: Editora Artmed, 2006.

MACEDO, Lino; PETTY, Ana Lúcia; PASSOS, Norimar Christe. Aprender com Jogos e Situações-Problema. Porto Alegre, Editora Artmed, 2007.

PARRA, Cecília; SAIZ, Irma (org). Didática Da Matemática: Reflexões Psicopedagógicas. Porto Alegre: Editora Artmed, 2001.

 

LEITORES À MARGEM: DO QUE SE ORGULHAM OU SE ENVERGONHAM AQUELES QUE (NÃO) LEEM – ED 06 - Prédio Anexo 1 - Faculdade de Educação/Unicamp

Luzmara Curcino

Doutora em Linguística e Língua Portuguesa

luzcf@hotmail.com

UFSCAR – Universidade Federal de São Carlos

Neste minicurso visamos fomentar a reflexão sobre o que é dito acerca dos leitores, em especial daqueles que se encontram à margem das condições para o exercício da leitura, de modo a abordar preconceitos de que são vítimas, estigmas culturais como o de analfabetos, iletrados, frívolos, e não-leitores (Bayard, 2007). Pretendemos discutir diversas formas de marginalização dos sujeitos ligadas à leitura: como são descritos ou invisibilizados; quando e por que meios ganham certa visibilidade (ainda que temporária, estereotipada e inócua do ponto de vista de sua emancipação), e em que discursos sobre a leitura se ancoram essas formas de representar esses sujeitos? Em nosso minicurso abordaremos essas condições que determinam quem pode vir a ser leitor e quem, desde cedo, está estatisticamente condenado i) a não ser reconhecido (e a não se reconhecer) nessa condição, mesmo tendo aprendido a ler; ii) a não gozar dos benefícios simbólicos que o exercício dessa prática outorga a alguns; iii) a ser estigmatizado como não-leitor em função da ‘distância’, real ou pressuposta, do que faz quando lê, daquilo que lê, do modo como se pronuncia a respeito; iv) a ser esquecido, ignorado, por sua condição de leitor ‘infame’ (Foucault, 2003); v) a conviver com a vergonha e com os impactos dessa vergonha de não ser leitor. Desde as formas de expressão da inadequação ao modelo idealizado de leitor, até aquelas em que vigora a convicção de sua condição leitora, seja na condição de ‘herdeiros’, na de ‘trânsfugas’ (Bourdieu & Passeron, 2014) ou na de ‘ralé’ (cf. Souza, 2018), estamos diante de diversas formas de objetivação e de subjetivação dos sujeitos (Foucault, 2006), estamos diante de representações de uma prática (cf. Chartier, 2011), que dispõem de uma força simbólica em convencer de sua coincidência com o real (ou com uma idealização deste real), e em fornecer, alimentar e fortalecer as imagens coletivas e consensuais, com suas hierarquias, com sua ação estabilizante dos comportamentos, das crenças, das práticas e de seu reconhecimento social. As discussões propostas visam restituir à leitura sua condição de prática emancipatória e não de mais uma forma a serviço da distinção dos sujeitos.

 

Palavras-chave: Discursos sobre a leitura; Leitores infames; Estigmas sociais, Práticas e Representações; Estereótipos.

Referências Bibliográficas:

BAYARD, Pierre. Como falar dos livros que não lemos?. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.

BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean-Claude. Os Herdeiros: os estudantes e a cultura. Florianópolis: EdUFSC, 2014.

CHARTIER, Roger. Uma trajetória intelectual: livros, leituras, literaturas. In: ROCHA, João Cesar de Castro (org.). Roger Chartier – A força das representações: história e ficção. Chapecó: Argos, 2011.

SOUZA, Jessé. A ralé brasileira: quem é e como vive. 3ª edição ampliada com nova introdução. São Paulo: Editora Contracorrente, 2018.

FOUCAULT, Michel. A vida dos homens infames. In: Ditos e Escritos IV – Estratégia, Poder-Saber. Organização Manoel Barros da Motta. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003.

FOUCAULT, Michel. A hermenêutica do sujeito. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

 

O PAPEL DO MEDIADOR NA LEITURA DO TEXTO LITERÁRIO – ED 07 - Prédio Anexo 1 - Faculdade de Educação/Unicamp

Cláudia de Oliveira Daibello

claudiadaibello@yahoo.com.br

Fernanda Aguiar Moreira

fer.aguiar13@gmail.com

 

Este minicurso pretende proporcionar reflexões sobre o papel dos mediadores de leitura (sejam eles educadores, professores, promotores de leitura ou interessados no tema) com o objetivo de discutir os modos como a mediação do texto literário pode contribuir para ampliar as possibilidades de compreensão, trazendo para a conversa que se realiza antes, durante ou depois da leitura espaços de debate sobre diferentes interpretações e pontos de vista, espaços de escuta das diferentes perspectivas leitoras e, consequentemente, de espaços que promovam a multiplicidade de vozes a partir do texto literário.

            Buscando articular situações práticas de mediação de leitura com as mais recentes perspectivas sobre a leitura do texto literário, que procuram valorizar o leitor e sua relação com texto, este minicurso promove análise de situações de mediação reais, feitas em contexto escolar, bem como possibilita a vivência de propostas de mediação de leitura, pautadas nas reflexões teóricas de autores como Bajour (2012), Rouxel (2015) e Reys (2017).

Referências Bibliográficas:

BAJOUR, Cecília. Ouvir nas entrelinhas: o valor da escuta nas práticas de leitura. São Paulo: Ed. Pulo do Gato, 2012.

REYS, Yolanda. O triângulo amoroso. In: LIMA, Érica; FARIAS, Fabíola; LOPES, Raquel. As crianças e os livros: reflexões sobre a leitura na primeira infância. Belo Horizonte: Fundação Municipal de Cultura, 2017.

ROUXEL, Annie. Um sujeito leitor para a literatura na escola. Entrevista com Annie Rouxel. Tradução de Neide Luzia de Rezende e Gabriela Rodella de Oliveira. In: Revista Teias, UERJ, v. 16, n. 41, p. 280-294, 2015.

 

SENTIDO, SENTIDOS E MAIS SENTIDOS AINDA – a leitura crítica e criativa – ED 09 - Prédio Anexo 1 - Faculdade de Educação/Unicamp

Ezequiel Theodoro da Silva

Faculdade de Educação – Unicamp

profezequieltsilva@gmail.com

 

APRESENTAÇÃO E JUSTIFICATIVA: Por falta de estudos sobre teoria/prática de leitura durante o período de formação básica dos professores, o ensino e a orientação da leitura nas escolas geralmente seguem o caminho do acaso, da improvisação e/ou da imitação. Essa lacuna pode gerar várias consequências negativas, entre elas a própria morte do potencial de leitura dos estudantes ao longo da sua trajetória escolar e, no que se refere ao contexto brasileiro, conforme revelado por pesquisas e estatísticas, um quadro vergonhoso de índices de leitura pela grande maioria da população. Não a leitura, mas a lei-dura que representa as condições relacionadas à educação dos leitores, principalmente a adoção de didáticas sem fundamento - sem pé nem cabeça – por uma razoável quantidade de professores de todos os níveis do ensino. Afora aqueles que se escondem por detrás dos textos, adotando cegamente livros didáticos e/ou apostilas pré-programadas. Cabe ainda ressaltar que o programa de crises que se evidencia na esfera da leitura no Brasil atende à reprodução do status quo pelas classes hegemônicas. Isto porque, promovidas condignamente, as práticas de leitura, em especial as de natureza crítica, podem revelar a razão de ser das contradições existentes no país, conduzindo as pessoas ao questionamento e julgamento dos fatos, à contestação das mentiras, à ação das oligarquias, aos desmandos do poder, à gênese dos preconceitos e assim por diante. Nestes termos, um ensino consequente de leitura conduzindo à formação de leitores, portando e fazendo juízos de valor, é muitas vezes tomado como “perigoso”, pois que pode levar os cidadãos ao desejo de transformação social, de mudança de costumes, de conhecimento das causas primeiras dos fenômenos, da ciência a respeito da exploração capitalista e assim por diante.  Isto posto, entendemos que uma sessão voltada ao conhecimento das bases teórico-práticas de uma nova pedagogia da leitura possa incrementar a ações docentes na área da leitura, conduzindo-os a uma análise sobre os seus comportamentos e atitudes voltados às lidas dos estudantes com textos em sala de aula e, quiçá, ao delineamento de novas maneiras de produzir a leitura. É nossa crença que os professores não são ou não deveriam ser repetidores nem copiadores de metodologias prontas, mas sim mediadores que usam criativamente a sua imaginação para arquitetar métodos consequentes para a fruição de textos pelas suas turmas de alunos.

OBJETIVO: Através de uma aula prática, envolvendo a leitura de um texto curto seguida de atividades grupais, apresentaremos um paradigma psicológico da leitura que possa sustentar teoricamente as ações pedagógicas dos professores da educação fundamental.

PLANO DA AULA (3 h/a):  Boas-vindas e apresentação da proposta. Leitura de um texto curso, seguida de 3 atividades de produção de sentidos. Exposição do paradigma: constatação-cotejo- transformação. Rodada de perguntas. Encerramento.

TEXTO RECOMENDADO: SILVA, Ezequiel T. O ato de ler – fundamentos psicológicos para uma nova pedagogia da leitura. SP: Cortez, 2008.

 

CECÍLIA MEIRELES E A LITERATURA INFANTIL: ESCREVER PARA A INFÂNCIA OU ESCREVER SOBRE A INFÂNCIA? - Sala ED 10 - Prédio Anexo 1 - Faculdade de Educação/Unicamp

Yara Máximo de Sena

yarasena@hotmail.com

 

Este minicurso pretende refletir sobre duas obras de Cecília Meireles: “Ou isto ou aquilo”, obra poética da escritora destinada a crianças e “Olhinhos de Gato”, uma obra em prosa poética em que conta sobre suas memórias de infância.   A partir dessas obras, desdobramos alguns questionamentos sobre o que é escrever para a infância e o que é escrever sobre a infância; como as obras foram pensadas e organizadas; e como enquanto educadores podemos mediar encontros poéticos com a literatura.

Quais experiências temos com a poesia? Como podemos nos encantar pelo poético? Você se permite se emocionar ou se divertir com a leitura de um poema?

O minicurso está organizado com momentos de exposição do tema, leitura fruição e trocas de experiências.

 

Referências

CHARTIER, Roger. Práticas da Leitura (Org.). São Paulo: Estação Liberdade, 2001.

FERREIRA, Norma Sandra de Almeida. Um estudo das edições de Ou isto ou aquilo, de Cecília Meireles. Pro-Posições, Campinas, v. 20, n. 2 (59), p. 185-203, maio/ago. 2009

MEIRELES, Cecília. Olhinhos de Gato. 1. ed. São Paulo: Moderna, 1980.

MEIRELES, C. Ou isto ou aquilo. Ilustrações de Thais Linhares. 6. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.

MEIRELES, C. Problemas da Literatura Infantil. São Paulo: Summus, 1979.

 

 

 

Informações: ALB - Associação de Leitura do Brasil (19) 35217960 secretaria@alb.org.br

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